quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Educação a distância cresce nas empresas e nas universidades


por Vinicius Prates

Estudantes em ensino regular, credenciados pelo Ministério da Educação, já passam de 1 milhão. Profissionais atendidos por programas de capacitação corporativos são mais de 500 mil ao ano. Embora muita gente ainda torça o nariz, quem sabe pensando nas velhas apostilas de conserto de rádios mandadas pelo correio, a educação a distância no Brasil veio para ficar – e crescer. O crescimento dos investimentos em e-learning supera 23% ao ano e deve chegar a R$ 10 bilhões em 2013, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino à Distância (Abed).

Suely Marques Villa, consultora de e-learning e doutora em educação pela Université Lumière Lyon 2 e pela USP, acredita que o mundo corporativo, mais ágil em acompanhar as dinâmicas do mercado, saiu na frente e está bem posicionado para um crescimento consolidado nos próximos anos. E, se há alguma resistência a respeito desse tipo de aprendizagem, ela não é do mercado. “Apesar de haver enormes vantagens a explorar, principalmente no caso brasileiro, a academia ainda tem muito preconceito”, diz Suely, que conhece bem os dois lados da moeda.

O crescimento do e-learning nas companhias está ligado a uma série de fatores que são importantes no Brasil. “O primeiro deles é que ainda temos um déficit grande na formação de pessoal qualificado na educação formal”, diz Marta Maia, conselheira da Abed. Ela lembra que apenas cerca de metade dos jovens está cursando o ensino médio na idade esperada. Ou seja, muitas vezes a tarefa de obter uma qualificação técnica mais adequada cabe ao próprio empregador.

Outro fator importante é a dimensão continental do País. “Imagine uma montadora de carros que lança um novo modelo e tem de treinar os concessionários no Brasil inteiro; seria uma tarefa quase impossível se não fosse o e-learning”, diz Marta. A conselheira concorda com a observação de que as empresas estão fazendo experiências importantes, com aplicações na prática. “A academia só está conseguindo correr atrás”, diz.

A base para desenvolver um programa corporativo de educação a distância está em entender o que há de específico em cada projeto. “Não adianta transplantar”, diz Suely. A consultora afirma que o sucesso depende de se realizar as ações mais pontuais e específicas possíveis. “Quanto mais genérico o curso, menos resultado a empresa obtém”, informa.

O ponto fundamental está no equilíbrio entre os objetivos do desenvolvimento e a aplicação do programa, que normalmente são feitos por equipes diferentes: a empresa contratante e uma consultoria especializa em e-learning. Para Suely, é onde devem estar concentradas as atenções. Se a etapa de traduzir as necessidades da empresa no programa de capacitação for bem realizada, a possibilidade de sucesso torna-se muito grande. “Nessa etapa crítica tem de haver uma proximidade, uma colaboração total”, afirma.

De acordo com Marta Maia, seguindo a mesma linha de raciocínio, uma das principais vantagens no e-learning consiste em moldar o aprendizado com as experiências que vêm da prática corporativa. “Ou seja, para dar certo, ele deve necessariamente ser dinâmico, aplicado a cada situação”, diz.

Quem ainda não está convencido das vantagens da educação a distância, precisa levar em conta que num futuro próximo uma parte importante do mercado de trabalho vai ser preenchida por profissionais que se formaram sem o contato presencial. Já são 110 cursos formalizados de graduação oferecidos nessa modalidade.

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